sábado, 27 de outubro de 2007

Numerologia

Achei estranho hoje à noite quando, após salvar um número de telefone novo na agenda do meu celular, o aparelho vibrou e me mostrou uma mensagem que jamais havia aparecido ao longo dos quase 12 meses em que ele me acompanha: ‘Contato nº 100 adicionado com sucesso’.

É claro que não acreditei no que havia acabado de ver. Teimoso como uma mula, fiz questão de contar um por um os números que estavam na minha agenda. E, para a minha surpresa, a somatória do celular estava correta: havia 100 números armazenados na minha agenda.

Ao longo da minha contagem centenária, fui percebendo alguns detalhes da minha modesta lista de telefones. Coisas que eu jamais havia percebido ao longo dos últimos anos.

Entre os meus contatos, há números para os quais eu ligo todos os dias, ou então para os quais eu tenho vontade de ligar todos os dias. Por outro lado, tem também aqueles que estão anotados, mas para os quais eu nunca liguei. E, sinceramente, não faço questão alguma de ligar.

Também tenho anotados alguns telefones dos quais eu espero todos os dias receber uma ligação. A maioria deles, para minha infelicidade, raramente me ligam (e, quando ligam, eu nunca presto atenção para atender). Claro, há também aqueles dos quais eu não quero receber ligação alguma. Alguns deles até aparecem anotados com o nome ‘Não atender’, por se tratarem de uma ameaça à sociedade.

Tem um número anotado no meu celular que eu não sei de onde surgiu. O nome consta como ‘Guto Fra’, mas eu não tenho a menor noção de onde tenha surgido tal pessoa. Até porque o único Guto que eu conheci foi um moleque que estudou comigo na sexta série. E eu não tinha o telefone dele.

E também tem um telefone que eu não sei como foi parar lá. Não por eu não conhecer a pessoa, mas por não acreditar nas minhas capacidades de ter conseguido o número tão rapidamente. E tão ocasionalmente. Mas isso é outra história.

Tenho também o número de uma garota que mora na fronteira com o Uruguai, para quem eu liguei uma vez há algum tempo e tenho vontade de ligar novamente até hoje (mas o valor do interurbano me impede) para ouvir aquele sotaque engraçado. Tenho também o telefone de um jornalista romeno, que às vezes me liga para perguntar se eu sei de algum jogador de futebol brasileiro prestes a acertar com o Steaua Bucareste. O sotaque dele também é engraçado.

Alguns velhos amigos têm seus números de telefone gravados na minha agenda. São os últimos registros que tenho deles. Se um dia der uma pane e eu perder o celular, eles serão praticamente apagados da minha vida. Dos 100 contatos, no entanto, não há números de outros velhos amigos com os quais eu não falo há quase uma década, mas cujos números sempre vão ficar marcados na minha memória. Como o 6969-66X9, de um amigo da quinta série.

A agenda do meu celular não tem alguns telefones para os quais eu tenho uma vontade imensa de ligar, mas cujos números esqueci. Ele também tem alguns números para os quais eu ligo meio sem vontade de vez em quando, mas que eu torço, a cada toque, para não serem atendidos.

E o mais legal de tudo isso é que há 100 números diferentes armazenados no meu celular. E essa quantia poderia ser reduzida pela metade sem muito trabalho, por se tratarem de pessoas para as quais eu nunca liguei. E pensar que eu já apaguei números muito mais importantes...

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