Um telefonema no meio da noite.
Do outro lado da linha, uma voz feminina. Doce, suave, de tom um bocado meloso.
“Alô?”, atendeu o homem, soltando o copo de uísque sobre o balcão do bar.
“Amor, onde você tá?”, perguntava a garota.
“Alô? Ah... eu... eu tô no bar...”
“Ah, querido, por quê? Vem aqui pra casa, vem. Tá frio, eu tô sozinha... vem pra cá, amor”, pediu a voz feminina.
O homem ainda hesitou.
“M-mas... eu to bêbado, e... e talvez você não goste, e...”
“Deixa de ser bobo! Eu gosto de você. E vem aqui pra casa, meu amor. Vou te esperar, tá? Um beijo, Rô”.
“Ahn... outro”.
O homem desligou o telefone e colocou-o sobre a mesa.
Virou o copo de uísque que ainda estava pela metade e pediu mais um ao garçom. Também pediu um maço de cigarros, do mais forte que tinha, e um isqueiro. Não fumava, mas a ocasião requisitava muitos cigarros.
Fabrício não entendia. Por um instante, achou que alguma garota o havia convidado para deixar aquele bar pequeno, abafado, malcuidado e até malcheiroso. Mas foi apenas um engano, pois se tratava da namorada do Rô.
Quem era Rô ele não sabia. Não conhecia Rodrigos, Robertos, Róbsons e nem Robervais. Sabia apenas que esse Rô devia ser um cara de sorte.
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