Quando vi pela primeira vez o anúncio de que Bjorn Borg, Guillermo Vilas e Mats Wilander viriam a São Paulo disputar partidas de tênis, não pensei em outra coisa que não “Putz, não tem como perder”. O tempo passou e, hoje, o evento teve início hoje e eu fui credenciado para cobrir o primeiro dia.
Fenomenal a idéia da Nossa Caixa, do Hotel Sofitel, da Hugo Boss e do meu sempre achincalhado Sportv em trazerem tenistas de tal magnitude para um país em que, há alguns anos, o tênis é só aquela coisa bacana que a gente coloca nos pés. Mas nem tudo são flores.
Sempre achei que ao longo do percurso a algum lugar recebemos dicas do que nos espera. Pois vindo para o Ginásio do Ibirapuera, uma seqüência de coisas aconteceu. Primeiro, Túlio Vidal e eu esperamos durante dez minutos o elevador especial no 12º andar até de serviço ter a boa vontade de aparecer. Não apareceu e tivemos que fazer baldeação de elevadores até a garagem, além de nos atrasarmos para a saída. Já foi o bastante para me deixar com a cara um pouco amarrada.
Já no carro, mais um empecilho: o cartão do motorista não foi aceito pela cancela, e esperamos mais uns cinco minutos até que fôssemos liberados. Ok, ok. O evento já estava prestes a começar, mas e daí?
Do prédio da Gazeta até o Ginásio do Ibirapuera não se gasta mais do que dez minutos de carro. A não ser às 17 horas, quando o trânsito é ligeiramente insuportável. A adivinha a que horas estávamos na rua? Na Manuel da Nóbrega, rua da arena, mais trânsito. Por incrível que pareça, pior do que na Paulista.
Ao aportarmos no ginásio, mais uma decepção. A sala de imprensa, para os jornalistas escreverem os relatos do jogo, não dava para a quadra e nem tinha uma televisão para que acompanhássemos os jogos. Era preciso escolher: escrever ou ver o jogo. Acabei não escolhendo nenhuma das duas e fui procurar um outro lugar onde ficar.
Depois de subir vários lances de degraus, cheguei às cabines de rádio e televisão. Só que em nenhuma das várias disponíveis havia uma cadeira. E é difícil digitar em pé, ainda mais em um laptop. Depois de andar que nem uma besta de um lado para o outro, indicaram um lugar reservado para a imprensa. Maravilha! Ou... ou não.
Quando entrei no lugar reservado a nós, pobre mortais credenciados, tirei o laptop da mochila e o liguei. Antes de começar a montar, comecei a procurar uma tomada. Claro que não achei nenhuma. Perguntei para a tiazinha da recepção, que me indicou a algumas gostosinhas que vestiam minissaias e usavam vários quilos de maquiagem. E uma delas me apontou para um outro cara.
Enquanto isso, Sergi Bruguera e João Cunha Silva (quem?) dividiam o tempo em quadra com pegadores de bola, Dácio Campos e até Ícaro de Paula, o repórter vesgo global, mas que não é dotado de humor como o original.
O cara da organização enfim me atendeu. Ao ouvir o meu desabafo – algo como “a sala de imprensa não tem nem televisão. Nas cabines, só veríamos o jogo pela televisão... seria muito mais fácil cobrir o evento da redação, mas preferimos vir aqui prestigiar (essa palavra sempre funciona)... mas é difícil, não tem como trabalhar. E a bateria do laptop dura o quê, 1h30? –, o rapaz ocupado se limitou a gracejar: “Esse ginásio é de 1900, você tem que entender. E olha que a bateria do seu laptop tá durando mais do que a minha, que não passa de 30 minutos”.
Entre falar todos os palavrões que já aprendi em português, inglês, espanhol, holandês e outros que eu poderia inventar e sair batendo o pé, fiquei com a segunda opção. E expressar toda a minha insatisfação.
Rodei de um lado para o outro. Em um ataque de insanidade, cheguei até a sair do ginásio e ir ao Pão de Açúcar mais próximo (na Brigadeiro, a 400m do local) para ver se achava um adaptador para plugar o laptop na cabine de imprensa. Obviamente, o grupo do Abílio não vendia adaptadores.
De volta ao Ibirapuera, comecei a aporrinhar todos os assessores. Embora tenha me queimado com todos eles, consegui às 19h13 uma tomadinha que me deixaria ligar o laptop na rede elétrica. Com muita ajuda do Seu Jairo, da Jovem Pan, consegui improvisar o meu local de trabalho nesta noite de quinta-feira. Com direito até a uma escadinha encontrada no banheiro servindo de cadeira.
E enquanto o mundo do tênis festeja a realização de um evento como o Grand Champions Brasil (ênfase no Brasil, de acordo com a trupe de comentaristas), um estagiário tenta, inutilmente, revelar as histórias de bastidores. Ah, besteira!
Obs: Atualizado aqui, em 27/11.
2 comentários:
Aí, quando consegue, faz o quê? Posta no blog!
(Menos mal que o relato ganha em credibilidade!)
Ah Heldinha! Bem vindo ao mundo jornalístico né! AAH era tão legal sonhar... a realidade é tão chata e decepcinante. Viva a cobertura pela televisão (ARGH!). Deus tenha piedade de nós!
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