São poucos os momentos vividos no passado que eu guardo até hoje na minha memória, ligeiramente debilitada com o tempo. Uma das melhores lembranças que tenho até hoje, no entanto, me remete a uma festa de uma amiga de uma amiga minha do colégio.
Tinha 13 anos naquele mês de maio, se não me engano. E foi naquela noite de sábado que aprendi a lição mais importante da minha vida.
Não, não foi naquela festa que conheci a garota da minha vida. Também não foi lá que dei meu primeiro beijo, que vi meu xaveco dar certo ou coisa do tipo. E não foi lá que tomei meu primeiro gole de álcool.
Na verdade, a coisa mais sábia que aprendi até hoje veio depois da festa, quando já estava de volta no carro com a minha mãe. Como de praxe, ela perguntou como tinha sido a festa e eu, sem fugir do protocolo, respondi com um “ah, legal” bem xoxo.
“Você parecia estar mais empolgado hoje à tarde, antes de sair de casa”, ela disse. Concordei e, em seguida, ouvi a coisa mais profunda até hoje. “Sabe, filho, o melhor da festa é esperar por ela”. Claro que no momento não percebi que isso pautaria a minha vida nos próximos anos e, provavelmente, nas próximas décadas.
Nas últimas duas semanas, por exemplo, contava os dias esperando o dia da entrega do último trabalho da faculdade. Fiz todas as leituras ‘obrigatórias’, resenhas, reportagens e apresentações com apenas um pensamento: ‘menos um. Tá acabando, tá acabando’.
Quarta-feira passada, entreguei o último trabalho. A sensação de alívio e libertação que vivi naquele e nos dois dias seguintes são praticamente indescritíveis. Pensar que não teria mais que passar 3h30 diárias dentro de uma sala pequena e quente vendo muitas aulas que beiravam o insuportável era algo sensacional. Afinal, era aquilo que eu mais esperava desde fevereiro, quando as aulas começaram.
Até que hoje cheguei em casa às 14 horas depois do trabalho e, momentos depois, me peguei riscando uma caixa de fósforos. Assim, compulsivamente. Riscava o palito, esperava a chama consumir uma parte considerável da madeira, apagava, jogava-o no lixo e acendia outro... foi a minha diversão durante alguns momentos. Notei enfim que, assim como nas festas, o melhor das férias é esperar por elas.
Foi quando, mais uma vez, lembrei daquela conversa no carro com a minha mãe. Talvez ela não saiba, mas aquela frase construiu grande parte da minha personalidade e influenciou uma série de atitudes que eu tomei ao longo dos últimos seis anos.
Muito mais importante do que os ensinamentos de, por exemplo, não falar palavrões, não mastigar de boca aberta, falar obrigado ou respeitar os mais velhos.
2 comentários:
Férias?
Rolou só uma redução bem-vinda da carga horária, passada de 8h30 quase sem intervalo para 5 horas de coisas razoavelmente legais.
Há que se considerar: "férias" comemoráveis.
Até pq esses ultimos ensinamentos aí vc nunca aprendeu, neh seu arrombado?
uhahuahuauhahuahuahua...
Mt boa a observação da sua mãe... vou prestar mais atenção nisso...
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