Um dos meus maiores medos ao começar a fazer jornalismo era o fato de eu ser incrivelmente tímido. Ora, onde já se viu um repórter se dar bem na vida tendo vergonha de fazer perguntas às pessoas?
Pouco a pouco fui lidando com isso e hoje, dois anos depois de começar a faculdade, acho que consegui chegar a um ponto muito além do que eu supus que chegaria de controle da minha timidez. A ponto de não ficar acanhado em momento algum na hora de fazer entrevistas a trabalho. E isso teve muita influência na minha vida pessoal, pois consegui obter uma certa desenvoltura em certas situações.
Por conta desse controle da timidez, passei a ficar extremamente desapontado na hora de fazer uma entrevista, seja com um gravador ou com um bloquinho na mão, e a pessoa entrevistada se mostrava acanhada. Mas é que eu tinha me esquecido de um ‘simples’ detalhe: o quanto é ruim conceder uma entrevista.
Era um dia de tarde quando atravessei a Brigadeiro perto do Ginásio do Ibirapuera e vi quatro pessoas paradas na esquina, sendo que uma delas tinha uma câmera e outra, uma garota dotada de um rosto bem simpático, estava munida de um microfone. Um microfone, aliás, sem nenhuma identificação de emissora de televisão.
Fingi que não tinha visto ninguém no meu caminho, apesar de o rosto bonitinho da menina ter me chamado a atenção. Mesmo assim, fui abordado por um dos caras da ‘equipe de reportagem’, digamos, da moça bonita. “Olha, a gente tá produzindo um documentário com depoimento de várias pessoas aqui na Brigadeiro e a gente que saber o que você gostaria de mudar. Fala o que você quiser falar, seja sobre política, economia... sei lá. Quando tudo estiver editado, vamos lançá-lo em Davos, maior cidade dos Alpes suíços, em uma corte com a presença de vários chanceleres e blábláblá”.
Não estava muito interessado no documentário em si, mas no fato de a garota me entrevistar. Até que ela me deu o microfone, o homem da câmera fez o joinha e eu deveria começar a falar. Em instantes, pensei em um discurso rápido e pré-fabricado. Depois de quase um ano tendo contato com o mundo dos outros esportes, falei que certas modalidades precisavam de mais apoio em países sul-americanos e tentei linkar tudo isso com o progresso da sociedade... besteiras que a gente ouve em anos de Olimpíadas e Jogos Pan-americanos.
Mas é claro que não foi fácil. Não sabia muito o que falar. As palavras fugiam. Fiquei até com medo de falar alguma besteira e me ver no YouTube uma semana depois. Não sabia o que fazer com o microfone. Não conseguia olhar para a câmera e não sabia para onde olhar (ficaria muito chato olhar o tempo todo para a menininha bonita)... enfim, tive vergonha novamente.
Depois que o operador de câmera fez o ok e encerrou a gravação, o cara que parecia ser o produtor da trupe elogiou e disse que eu consegui inovar bastante e dizer algo inédito pro documentário. A garotinha, por sua vez, começou a puxar assunto comigo sobre o vôlei brasileiro e eu explicava pra ela um pouco de canoagem e esgrima. Ela pediu para eu assinar um negócio cedendo minha imagem e... bom, de um jeito ou de outro ela conseguiu meu telefone.
Só que também percebi o quanto é fácil do lado de trás do gravador, do bloquinho ou, claro da câmera. O difícil mesmo é não dar entrevistas bizarras e ganhar 15 minutos de fama na internet...
Um comentário:
hahahahaha....
Sensacional história Held, ótima sua idéia d flr dos esportel e tal..
E melhor ainda vc ter passado seu tel... só faltou pegaro dela neh...
tsc tsc...
hahaha...
E ano q vem tem telejornalismo... será q seremos nós fzdo esses testes na região da Paulista? Com nossos rostinhos bonitos arrumaremos alguma coisa?
Abs!
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