Lembro-me como se fosse hoje de uma tarde de domingo meio cinzenta em 2004, quando estava no carro voltando para casa e tive uma ponta de insegurança: “Como eu vou fazer jornalismo? Tá, eu gosto de escrever e tal, mas eu faço um texto bem do chinfrim a cada duas, três semanas – e quase sempre sobre um tema de que eu gosto! Impossível eu conseguir escrever uma notícia por dia pra um jornal, e ainda mais sobre um tema do qual provavelmente eu não vou gostar”.
Pois bem. Hoje, quase quatro anos depois, escrevo cerca de 12 notícias por dia e sinto que superei esse trauma. Mas mesmo assim ainda me bate uma incerteza quase que cotidiana quanto à continuidade deste blog. “A cada texto que escrevo é um assunto que eu perco. Um dia os assuntos podem acabar e, com eles, o Cavaleiro com Solitária”.
Grande bobagem. Cerca de duas semanas atrás havia saído com minha melhor amiga para tomar café e conversar sobre a vida e acabei contando para ela a história do meu primeiro melhor amigo, que morava em frente à casa da minha avó. Embora fosse um ano mais velho que eu (e naquela época um ano fazia uma diferença enorme na mentalidade de cada um!), nos demos super bem até ele se mudar. Crianças de cinco (ele) e quatro anos (eu), foi praticamente impossível mantermos contato, e cada um seguiu sua vida.
Uma história triste, não é mesmo? Bom, nem tanto. Logo em seguida fiz uma amizade bem forte com um outro moleque da escola e ele, bom, sabe-se lá pra onde ele tenha ido, certamente fez suas amizades . Antes de contar isso à minha amiga, confesso que fiquei uns dez anos sem pensar no tal antigo amigo e acabei me lembrando dele por um mero acaso umas três semanas atrás. Uma semana depois do café, contei história parecida ao meu irmão em uma noite de terça-feira. Até aí, normal.
A quarta-feira chegou e, com ela, o meu mau-humor: confesso, estava ligeiramente sem paciência por ver aquele antigo caso “amoroso” (ou algo bem longe disso) vasculhar o meu scrapbook diariamente provavelmente para ver as garotas que me enviavam recados e xeretar uma ou outra cantada furada que eu respondia para elas, estava prestes a apagar de vez a minha página no Orkut.
E quando tal pensamento passou pela minha cabeça, recebi um recado de um cara: “Meu Deus do céu! Duvido que você seja capaz de me reconhecer!”. Apesar de o rosto da tal pessoa não me parecer nada familiar, o nome e o fato de vivermos em um mundo bizarro não me deixaram pensar por muito tempo. E respondi menos de um minuto depois: “Claro que lembro, pô! Você foi meu primeiro melhor amigo!”.
Não demorou para começarmos a reviver antigas histórias e personagens de nossas infâncias. Incrível como nos lembrávamos de quase tudo – ele muito mais do que eu. Dois dias depois, marcamos de nos reencontrar para comer uma pizza e colocarmos alguns assuntos em dia. Claro que andar do lado de uma pessoa que eu não via há 15 anos não parecia nada familiar como andar ao lado de um grande amigo de hoje em dia, mas mesmo assim era uma sensação agradavelmente boa.
Rever um antigo amigo e ter horas, dias, semanas, meses, anos e décadas de conversa para pôr em dia é muito bom. É quase como fazer uma amizade nova sem ter que passar por vários testes de confiança para poder ouvir e contar histórias engraçadas ou reveladoras.
Melhor para mim, para ele e para a minha criatividade blogueira. E a minha página no Orkut continua lá: o tal site de relacionamentos ganhou moral comigo depois disso.
3 comentários:
Cara, o Orkut tem muita moral comigo por essas histórias. Já encontrei um carioca que fez a terceira série comigo em Prudente. Embora a gente nem tenha muito assunto ou nem tenha sido melhores amigos, adicionei o cara. Ele sempre foi muito bacana. A gente mal conversa, mas dá alguma segurança saber que ele está lá.
Além disso, é uma maneira ótima de conhecer mulheres.
Sim, a sua insegurança não está com nada.
Que bonitinho...
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