A data de 28 de dezembro não é tão insignificante assim como pode parecer. Além de ser o 362º do ano, o dia ainda é marcado por algumas comemorações importantes ao redor do mundo.
Foi em 28 de dezembro de 1813, por exemplo, que nasceu o Irineu Evangelista de Sousa, vulgo Barão de Mauá, aquele de quem todo mundo ouviu falar na escola, que queria industrializar o Brasil na época do café, mas esbarrou na burocracia da monarquia.
Quando Mauá já tinha 13 anos, o Iowa se tornou o 26º Estado dos Estados Unidos. Também na Terra do Tio Sam, 30 anos após a incorporação do Iowa, nasceu na Virginia Thomas Woodrow Wilson, que em março de 1914 sucedeu o xará Thomas Marshall e se tornou o 28º presidente norte-americano, cargo que ocupou até 1921.
Também no dia 28 de dezembro, mas em 1936, nasceu o empresário Abílio Diniz, hoje ricaço e dono do Grupo Pão de Açúcar, que detém o supermercado de mesmo nome, cujas filiais espalhadas pela cidade abastaecem as geladeiras e os armários da minha, da sua e da casa de todos.
Outra personalidade importantíssima para a vida de todos nós nasceu em 28 de dezembro, no ano de 1944: o ator mexicano Edgar Vivar, o não menos engraçado Senhor Barriga, pai do Nhonho, que ele também interpreta. Pois é, parabéns aos gorduchos amigos do Chaves, que hoje completam 63 anos.
No mundo do esporte, o 28 de dezembro é a data em que o ex-tenista australiano Patrick Rafter, ex-número um do mundo e bicampeão do US Open, em 1997 e 98. Em 1979, quem nasceu foi o norte-americano James Blake, atual 13º do ranking de entradas da ATP.
O dia 28 de dezembro também foi marcado por algumas mortes importantes, especialmente para a cultura brasileira: o poeta Olavo Bilac, em 1918, a atriz Daniela Perez e o escritor Otto Lara Resende (ambos em 1992).
Mas o que pouca gente sabe é que o dia 28 de dezembro é lembrado também pela Bíblia. De acordo com o livro mais vendido do mundo, foi nesta data que o Rei Herodes ordenou a morte de todas as crianças menores de idade em Belém na vã tentativa de acabar com o recém nascido Jesus. Há quem diga que foram mortos 3 mil crianças, outros apostam em 15 mil, enquanto tem aqueles que juram que foram apenas dez (e não 10 mil).
Em países de origem hispânica, como a Espanha, o dia ganhou importância em referência ao massacre: virou o Dia dos Santos Inocentes, também conhecido como Inocentada. Em outras palavras, virou o Dia da Mentira, assim como no Brasil e em outros países, como EUA e Japão, a data é comemorada em 1º de abril.
Quem costuma sempre fazer brincadeiras no dia 28 de dezembro são os jornais espanhóis, que têm a tradição de criar notícias absurdas. O esportivo Marca é o que mai se aproveita do fato para cravar notícias bombásticas que enganam o mundo inteiro.
No ano passado, quando eu achava o dia 28 de dezembro apenas uma dia como todos os outros, o Marca colocou em seu site oficial que a Fifa havia recontado os votos da eleição de melhor do mundo e havia dado o prêmio ao francês Zinedine Zidane e tirado o troféu das mãos do zagueiro italiano Fabio Cannavaro. Uma bomba sem tamanho.
Lembro que aquele dia na redação, por volta das 8h30, estávamos apenas Paulo Amaral, setorista do Palmeiras, e eu, que comemorava meu 28º dia de estágio. Maravilhado pela possibilidade de fazer ligações internacionais do trabalho, sugeri que tentássemos ligar para a Fifa e pedir alguma aspa oficial, para não dar crédito para os madrilenos.
Liguei para Zurique, na Suíça, no telefone 222-7777. Após falar com a telefonista com um inglês dotado de belo sotaque germânico, fui repassado para o assessor de imprensa. E qual não foi a minha surpresa quando ele disse “No, no, absolutely not! This is a lie. Today is Dia dos Inocentes in Spain, which is a ‘fool day’, like April, 1st!”. Uma bomba ainda maior, já que todos os outros sites de esportes do Brasil e do mundo, assim como algumas emissoras de rádio, davam Zidane como o mais novo melhor do mundo.
Paulo Amaral e eu, ressabiados, compramos a idéia do assessor da Fifa e destoamos de todas as publicações do globo terrestre. Menos de 15 minutos depois, nossos xarás italianos do Gazzetta dello Sport retificavam a informação. Horas depois caía a máscara do Marca: era uma mentira. Aquele 28 de dezembro de 2006 foi o dia do meu primeiro ‘grande’ furo.
Passei o ano inteiro esperando por esta data e até passei a imaginar a mentira de 2007: “Poderiam fazer alguma coisa com o Fernando Alonso, talvez com o Rafael Nadal... é bem capaz que façam com o Ronaldinho saindo do Barcelona e indo para um outro time, mas seria tão previsível que ninguém acreditaria”, pensava.
Ao acordar, a primeira coisa que fiz foi entrar no Marca e ver qual a mentira da vez. E, para a minha decepção, foi “Milan poderia fechar em 1º de janeiro com Ronaldinho”. Uma decepção, apesar de haver uma outra notícia incrustada: a saída do Zambrotta.
Não colou, e vários comentários de leitores do site denunciam a Inocentada. Sem graça.
Um comentário:
Aindab em que eu não pego fut. internacional na pauta. Admito que ia ficar tentado a achar que é verdade.
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