sábado, 1 de setembro de 2007

Durcheinander

Algum dia do mês retrasado, em um restaurante por quilo da Avenida Paulista.

Fila do caixa, 15h30.

Deu R$17,30, moça disse a caixa.
Hum? interrogou a cliente, uma loira de 1,80m, olhos verdes e talvez uns 25 anos.
R$ 17,30 respondeu a funcionária.
I’m sorry, but I can't understand you. I don’t speak Portuguese justificou-se a loira.

O gerente é chamado.

Essa moça disse um negócio estranho. Acho que ela é estrangeira apontou a caixa.
Boa tarde? cumprimentou o gerente.
I am from Germany. I don’t speak Portuguese explicou.
Ela disse que é da Alemanha e não fala português, Rosa traduziu o gerente, direcionando-se à caixa.
Nossa, que chique! Fala pra ela que deu R$ 17,30, Gerson exclamou Rosa.
The bill is seventeen reais and thirty cents. You are a tourist? perguntou Gerson, que não lembrou das regras gramaticais do Inglês.
Yeah, yeah. I’m here with my sister. She, Nadja disse a alemã, apontando para a uma garota morena, de pele clara, olhos azuis e talvez uns 21 anos, que vinha em terceiro lugar na fila.
And you are liking São Paulo? prosseguiu o gerente.
Yeah, very much. This is a fantastic city! Really nice! elogiou a loirona, tirando uma nota de R$ 50 da carteira e entregando à caixa.
Gerson, fala pra ela que ela é muito simpática e que eu gostei muito dela pediu Rosa, com o rosto ganhando uma tonalidade avermelhada.
She said... she said you are very… very… very nice gaguejou o gerente.
Oh, thank you! You too agradeceu a alemã, recebendo o troco e dando um sorriso gentil.

E então chegou a minha vez de ser atendido. Coloquei o prato na balança.

R$ 10,55 disse a caixa, enquanto eu me distraía vendo as luzes vermelhas na balança.
Hum? perguntei, voltando à Terra.
Ele não fala português, Rosa, presta atenção! Ele deve ser o namorado da loira disse o gerente, inconformado com o erro da funcionária.
Ai, é verdade. Que cabeça a minha! Mas como fala esse valor? desculpou-se a caixa.
Ten reais and fifty five cents, mister ensinou o gerente.

Paguei com o vale refeição e tirei a bandeja da balança.

Ao mesmo tempo, o gerente dizia para a caixa, crente que eu não entenderia:

Que cara rabudo! Queria nascer na Alemanha para ter sorte que nem ele!

Nenhum comentário: