Ele era feio.
Sei que não sou lá grande coisa, mas... não, ele era bem, bem feio. Em tudo, inclusive no jeito de entrar no metrô. Reparei nele quando estava sentado em um banco virado para a porta, e ele pisou no vagão todo desengonçado. Não demorei para reconhecê-lo. E foi uma péssima apresentação.
Para falar a verdade, já o tinha visto umas vezes antes em umas fotos no Orkut. Nem mesmo com auxílio de luz, photoshop ou coisas do gênero ele se salvava nas imagens. Um amigo meu até comentou que ele tinha uma cara igualzinha à de alguém que teve o rosto queimado, apagado com pauladas e umedecido com limão. Uma tristeza.
O feioso também me olhou, e deve ter me reconhecido. Também já tinha olhado meu Orkut, e provavelmente tinha visto as minhas fotos. Para falar a verdade, ele era o novo casinho de uma garota que não muito tempo atrás tinha sido meu casinho. Ficamos naquele clima de quase guerra-fria por um tempo, até que chegou a estação Ana Rosa e eu desci para fazer a baldeação (além de panaca, morava longe).
Antes, claro, dei uma olhada para ele mais uma vez e constatar: puta que pariu, cara feio. Tinha cara de mulherzinha (e é sério), mas com uma barba de cachorro pelado e molhado (e barba é um dos poucos assuntos dos quais eu posso falar com orgulho). Usava aparelho fixo, e os dentes eram bem amarelados pelo cigarro.
O cabelo dele não merece designações justamente porque ele era semi-calvo (e, por maioria de votos, ultimamente passei a ver que meu cabelo não é tão caso perdido assim – ainda que eu esteja quase parecendo uma versão latina do Johnny Ramone quando saio do banho).
Cheguei não muito tempo depois no trabalho. Mesmo depois de andar um tempo pela Paulista, almoçar e tal, não consegui deixar o caso passar batido. E até comentei o indesejado encontro com o pessoal da redação, no corredor quase que inteiro de estagiários da GE.Net.
O Pedroso, um dos estagiários, rapidamente se virou e respondeu: “Relaxa, cara. O mundo é dos goiabas, você nunca percebeu?”. “Como assim?”. “Pode notar. Todos os caras que saem com uma garota depois de você não são extremamente esquisitos?”. “Hum, sim. Falei sobre com alguém esses dias”. “Então. Enquanto você, todo pomposo, tá aí... o goiaba tá lá com a tua ex”, finalizou.
Malditos goiabas.
2 comentários:
os goiabas dominam o mundo e isso é uma merda. tô brava/ triste hoje. humpf.
Malditos goiabas. Apoiado!
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