Completei hoje a minha terceira semana de expediente olímpico. Hoje, portanto, foi meu 15º dia com jornada de trabalho de (no mínimo) sete horas diárias, de (no mínimo) 15 notícias por dia.
Chego ao 15º dia sem saber exatamente em que dia da semana estou, trocando os nomes de algumas pessoas, atendendo meu celular falando o nome da empresa em vez de alô, conversando apenas sobre esporte, invertendo eventos como eleições por Olimpíadas, falando palavras que remetem a alguma modalidade olímpica.
Estou iniciando minha terceira semana olímpica com um humor tão estável como a ponte do rio que cai. Com uma paciência tão grande, com uma disposição tamanha... e fazendo dos copos de café (geralmente os maiores, aqueles de 400 ml) meus melhores amigos. Ah!
Para coroar tudo isso, meu 15º dia começou já atrasado para ir ao trabalho. Tinha levantado às 8 horas, sentei na cama para desligar o despertador e acabei dormindo meio sentado, meio deitado. Só abri os olhos, por sorte, às 9h20. Fui correndo para a Paulista e consegui ver a tempo a vergonhosa derrota por 3 a 0 da seleção de futebol para a Argentina.
E, agora, a inédita medalha olímpica do futebol vai ficar para daqui quatro anos, em Londres. Ou para quinta-feira, no feminino – e, se as meninas ganharem, vai chover reclamação da falta de incentivo, o governo vai prometer melhores condições e as coisas vão continuar exatamente como estão: uma porcaria.
E por falar em porcarias, vamos às rapidinhas olímpicas que me fazem pensar nos Jogos de Pequim mesmo nos meus momentos de folga. Uh.
Rapidinhas olímpicas:
Galvão, Galvão!: Não canso de exaltar o Galvão Bueno, que consegue fabricar uma pérola sensacional a cada transmissão olímpica. Desta vez, o cara lançou uma no duelo brasileiro nas semifinais do vôlei de praia masculino. “Olha, para o Ricardo e Emanuel derrubarem uma bola na quadra do Márcio e do Fàbio Luiz, antes vão ter que abrir um buraco no chão”. Não entendeu? Reflitam. E, se não chegarem a conclusão alguma, não se culpem: nem o Galvão mesmo sabe o que está falando.
Cuspido e escarrado: O Lucas, volante da seleção brasileira, disse antes das Olimpíadas: “Esta equipe é a cara do Dunga”. Por mais que eu não ache que o Dunga é a maior catástrofe da história, não tem como negar que o time verde e amarelo estava completamente descontrolado, desarrumado e sem poder algum de reação. Bom... talvez o Lucas estava mesmo certo.
Mariaaaaana Ohata!: Prova feminina do triatlo. Um blocão de atletas correndo pedalando na frente no ciclismo, formando um pelotão Torre de Babel. Tirei os olhos da tevê por um instante para responder a uma mensagem no MSN e Álvaro José, da Band, anunciou a presença da brasileira: “Mariaaaaana Ohata!”. Assustei, achei que estava vendo uma reação histórica e tal, mas... o pelotão passou e nada de uma atleta de azul. Só no fundo, a uns 1.300m de distância do grupo, aparecia sozinha a brasileira. Ufanismo? Onde?
Brasileirada canadense: De fato, não é só brasileiro que faz feio em Olimpíadas, e um canadense conseguiu um feito incrível no tênis de mesa. Peter-Paul Pradeeban vencia o brasileiro Gustavo Tsuboi por 10/3 no sétimo e decisivo set da partida preliminar. Teve nada menos do que seis match points, mas conseguiu perder todos e ver o nipo-brasileiro conseguir a virada com 12/10. Incrível.
Amarelada em menor proporção: O futebol masculino fez tão feio que ninguém vai notar os maus desempenhos de Ana Marcela Cunha e Poliana Okimoto nas maratonas aquáticas. Apesar dos 16 anos, Ana Marcela era a líder do ranking mundial da prova, e Poliana era uma das mais experientes e favoritas para o pódio. As duas brasileiras estavam muito perto do pódio no final da prova, brigando pelos terceiro e quarto lugares e pertíssimas das britânicas que lideravam. Mas Ana Marcela ficou em quinto lugar, duas posições à frente da Poliana. Tudo bem, o futebol masculino fez pior.
Pereira, quem?: Entrevista coletiva do César Cielo, e de quebra apareceu o Thiago Pereira. Foi até engraçado ver na coletiva todos (todos mesmo) os microfones em cima da mesa voltados para o Cielo, e o Thiago parecia apenas um atleta esquálido ali querendo aparecer. Uma hora, ele foi responder a uma pergunta e, longe dos microfones, não foi ouvido na transmissão do Sportv. Por mais que eu tenha cornetado o filho da mala da Dona Rose... foi estranho. E tá, vai, o cara até que merecia um pouquinho mais de atenção. Mas é a vida...
Intrusa?: As roupas dos atletas velocistas são todas aerodinâmicas, cheias de frescuras aqui ou acolá para render preciosíssimos centésimos de segundo para o competidor. Balela. A Rogaya Al-Gassra, do Bahrein, competiu de burka e tudo (parecia uma louca que tinha invadido a pista) e venceu a sua bateria eliminatória nos 200m rasos.
3 comentários:
O Dunga pode não ser A maior catástrofe da história. Mas está entre as maiores, fácil fácil... :-D
E, pô, 7 horas diárias? Tá muita moleza aí, hein! ;)
você deve estar de saco cheio das olimpíadas [eu estou um pouco]. sinto falta do phelps, sabe? virou meio que um ritual vê-lo ganhar dia sim, outro dia também.
"invertendo eventos como eleições por Olimpíadas"...
...eu disse que você tá bitolado, tadinho.
E sabe, daqui a quatro anos eu vou estar lá em Londres pra ver esse ouro aí =P
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