Se eu estivesse em meus primeiros anos de infância ainda tentando construir alguma estrutura de pensamento, certamente duvidaria de qualquer professora da escolinha que tentasse me ensinar que o pau-brasil produzia uma tinta avermelhada. De tanta gente dizendo e outras comprovando, teria na minha cabeça para o resto da vida que a árvore símbolo do nosso país era extremamente amarela.
Tudo porque acho que nunca vi uma quinta-feira tão brochante e amarela como a de hoje, dia em que três ouros praticamente esperados se tornaram acabaram perdendo o brilho para os atletas brasileiros, que se contentariam apenas com um prêmio amarelado.
Ok, o dia começou bem com a prata do Robert Scheidt e do Bruno Prada na classe Star do vela, sendo que o mais provável era que a dupla conseguisse o tão sonhado bronze do Brasil. Foi a primeira medalha prateada da nossa delegação, mas nem por isso o dia se tornou desanimador.
Impossível não falar da seleção de futebol feminino. Acreditava em um ouro fácil, apesar de algo na minha cabeça ter me deixado preparado para uma derrota. Foi o que aconteceu: empate sem gols no tempo normal de um jogo bem chatinho e 1 a 0 para as gringas na prorrogação. Mais uma derrota para as meninas, mas esta deu até dó (o Galvão Bueno até chorou ao vivo).
Mas o dia foi tenebroso, a começar pelo mala do Jadel Gregório. O cara se classificou para a final dizendo que iria melhorar os 17,90m que ele conseguiu uma vez na vida. “O Jadel está confiante”, dizia o esquisitão, todo mala e referindo-se a si mesmo na terceira pessoa. Ficou em sexto com um desempenho pífio e saiu chorando. No vôlei de praia, Renata e Talita perderam o bronze para a dupla chinesa e Márcio e Fàbio Luiz perderam o ouro para os norte-americanos. Isso sem falar no hipismo, que vem rendendo excelentes curtinhas por aqui. E por falar em rapidinhas, ei-las:
Rapidinhas olímpicas
Contraponto: Tá certo, a seleção feminina de futebol perdeu mais uma final, ficando com a terceira prata em quatro anos (perdeu as finais das Olimpíadas de Atenas-2004 e da Copa do Mundo do ano passado). Poderia muito bem cornetar a equipe e chamar as meninas de amarelonas, mas... elas não têm apoio algum no país (e muito menos na imprensa, confesso), ganham salários pífios, mal podem competir por aqui. E foram três vezes vice-campeãs. Antes de criticar, poderíamos lembrar do time masculino, que ficou nas quartas-de-final da Copa, não se classificou para as Olimpíadas de 2004 e caiu feio nas semifinais deste ano. E os caras ganham milhões, milhões e milhões...
Só a Natália salva: O Márcio Wenceslau perdeu a luta das quartas-de-final na quarta-feira em sua luta no taekwondo apenas no ponto de ouro da prorrogação. Em vez de aprender com o colega, a gaúcha Débora Nunes conseguiu fazer ainda mais feio em sua luta: estava ganhando por 2 a 1 nos segundos finais de luta, mas bobeou, levou um golpe e a definição foi para o golden score. E perdeu, num contragolpe da adversária. Virou moda.
No quase: Se tem uma equipe brasileira famosa por amarelar nos momentos decisivos, é a seleção de vôlei feminino. Mas as meninas do Zé surpreenderam, continuaram arrasadoras e passaram nas semifinais pela China, atual campeã olímpica. Mas nem por isso a Mari escondeu que a equipe quase, mas quase amarelou ao falar da partida dos Estados Unidos (venceram Cuba na preliminar): “Impressionou. Algumas jogadoras não conseguiram ver até o fim porque estavam começando a ficar com um frio na barriga por causa da nossa semifinal. A Sassá e a Fabi saíram no meio, a Sheilla ficava indo e voltando. Eu fiquei sentada o tempo todo de boca aberta com o que estava acontecendo”.
Salva pelo gongo?: Uma das coisas que mais condeno no Sportv é a entrevista que eles fazem entre os repórteres. Faltou pauta? Tasca um repórter entrevistando o outro. A ESPN Brasil, que eu tanto admiro e tal, acabou quase me decepcionando quando o Eduardo Elias foi entrevistar o Flávio Gomes sobre a derrota brasileira no futebol feminino, direto do Estádio dos Trabalhadores. Quando ia começar o bate-papo, as luzes do estádio se apagaram, deixaram os dois no escuro. A entrevista não rolou, ufa.
Medalhista: Pode não representar muita coisa, mas acabei me lembrando hoje que já ganhei uma medalha de ouro – embora não tenha honrado o esporte brasileiro ao não amarelar. Foi em 1999, nos jogos intercolegiais que meu colégio promovia (a Oliarqui, que hoje em dia é disputada por 4 mil moleques). Foi na disputa por equipes do xadrez. Deu até vontade de procurar o prêmio por aí e ver se consigo desfilar em um carro de bombeiros.
Bronze Brasil: Já tinha visto o endereço do blog Bronze Brasil 2008 duas vezes antes de hoje, mas fiquei com preguiça de clicar. Hoje, no entanto, arrisquei entrar para ver o que se passava por lá e achei algo genial, com sacadas como “Cielo deixa escapar o bronze”, “Cielo (com o ouro no peito, chorando) é consolado por francês que ganhou o bronze” e “quatro semifinais e nenhum bronze”. De fato, o blog da delegação brasileira. E sensacional.
Cavalo louco: O Bernardo Alves tinha dado a dica na quarta-feira, mas eu não notei maldade na declaração do ginete brasileiro, que competiria a final individual dos saltos com o Chupa Chup, o cavalo com medo de água: “Não tenho um cavalo turbo, mas quem sabe o motor a diesel não funciona? Acho que posso conseguir uma medalha”. Acordei pela manhã e a primeira notícia que eu vi foi: “Chupa Chup é pego no antidoping e é eliminado”. Doparam o cavalo pro bicho não ficar com medo da agüinha, lamentável...
2 comentários:
Chupa, Chupa Chup!
E a derrota das meninas do futebol, freguezaças das estadunidenses, doeu muito mesmo.
Sentimento inversamente proporcional ao provocado pelas meninas do vôlei, que vão, sim, ganhar o ouro e deixar de ser amarelonas! :)
realmente não tenho medalha alguma, mas como nem os que deveriam ganhar o fazem, paciência.
ah, você conhece o fracasso.com.br? o comentário que mais gostei até agora foi sobre a disputa entre ricardo/ emanuel e os brasileiros da geórgia: "Parecia um conto de Borges, nós perdemos para nós mesmos.". dá pra rir um pouco desse desastre.
deixando pequim pra lá um pouquinho, a questão que fica pra mim é: quem é felipe held sem olimpíadas? e essa história de chimarrão?
beijo
Postar um comentário