Madrugada de domingo para segunda-feira. Como pede um domingo, um dia extremamente morto – ainda mais depois da meia-noite. Estava degustando a minha terceira Quilmes na noite portenha no albergue e conversando com uma canadense bêbada.
Papo vai e papo vem, acabamos iniciando um assunto sobre políticos. Ela dizia que o Primeiro Ministro canadense (o Canadá é regido pela Elizabeth II, a rainha da Grã-Bretanha) era um panaca, que gostava de se vestir de caubói por aí e posar para fotos. Digitou Stephen Harper no Google Imagens e, com um certo asco, me mostrou as fotos do homem-forte do país da América do Norte.
“Isso é tudo?”, perguntei.
“Precisa de mais?”, ela retrucou.
“Ok, vou te mostrar alguns caras da política do meu país”.
Digitei no buscador de fotos do Google os nomes de Clodovil Hernandes e Frank Aguiar. Ela viu algumas fotos de cada e perguntou quem eram. “Nossos deputados federais, foram recordistas de votos”, expliquei.
“Ah, mas pelo menos o presidente de vocês é normal”, continuou a canadense.
“Humm...”. E contei para ela a história do não-dedo do Lula.
“Ok, vocês ganharam”.
Lembrei dessa conversa no albergue em Buenos Aires quase duas semanas depois, quando estava na porta do Olímpico Monumental e passei em frente ao gabinete de um dos candidatos a vereador de Porto Alegre. E qual não foi a minha surpresa ao ver, na foto, aquele cara que ficou famoso durante a Copa de 2002, aparecendo em todos os jogos do Brasil nas arquibancadas com uma taça na mão e com trajes gaúchos típicos.
O Gaúcho da Copa é candidato a vereador em Porto Alegre, e tem como principal meta “trazer os benefícios da Copa de 2014 para a ‘nossa’ cidade”. Impossível não rir. O nome do cara, na verdade, é Clóvis Fernandes, e em 1990 começou a rodar pelo mundo para “divulgar a cultura do Rio Grande do Sul”.
Dois anos atrás, o cover do Felipão tentou se eleger para um cargo na Alergs, a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul. Em seus curtos segundos na propaganda eleitoral, dizia mais ou menos assim: “Você já me conhece. Eu sou o Gaúcho da Copa, torcedor símbolo do Brasil e do Rio Grande do Sul pelo mundo afora. Um dia sonhei que era possível levar a bandeira do meu Estado além das nossas fronteiras. De lá para cá, já estive em 40 países, sempre divulgando a cultura, os costumes e as tradições de nossa terra e os feitos da nossa gente (Fonte: A nova corja)”.
E o que eu estou falando? Em São Paulo, alguns dos nossos mais ilustres vereadores são Agnaldo Timóteo e o Farhat (que ficou famoso por ser o advogado que sempre pegava os casos mais cabeludos/bizarros do Programa do Ratinho). Sem falar, é claro, no Ademir da Guia (por mais palmeirense que eu seja, impossível deixar o Divino passar em branco).
Mas o pior não é isso. O pior é saber que as eleições vêm aí, e com ela mais candidatos bizarros. Imagina o que não seremos obrigados a ver nas propagandas eleitorais a partir do dia 19. Hoje, por exemplo, fiquei sabendo que o Dinei, ex-jogador do Corinthians (e que ficou suspenso do futebol por um bom tempo na década de 90 por uso de cocaína), é candidato a vereador.
Se a gente pelo menos tivesse o Gaúcho da Copa (que, vez ou outra, até faz um free lancer de garoto-propaganda)... Ou, então, candidato como este...
2 comentários:
Mas o canadense também é bizarrão, vai...
meu professor de história está concorrendo, e vai por mim ele é beeem bizarro!
hoje em dia qualquer um faz isso, virou lazer --'
Beatles te perseguem?
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