Por ter origem britânica e ser destinado geralmente às classes mais abastadas financeiramente falando, o tênis vez ou outra é apontado como modalidade elitista – no passado, inclusive, chegou a ser chamado por aí de ‘esporte branco’.
Recentemente, durante meu giro por Sorocaba na cobertura da Copa Davis, ouvi um discurso parecido também do presidente da Confederação Brasileira de Tênis (CBT) e do capitão da equipe brasileira: “Não adianta fazer uma porrada de projetos sociais para levar o tênis às camadas mais baixas sendo que neguinho tem que pagar 500 paus em uma raquete”. Uma baita verdade, apesar de eu ter gastado menos de 100 pilas na minha.
Enfim. Um dia desses tive expediente matinal na Gazeta e acabei com a tarde livre. Já sem muito o que fazer depois de passar a tarde em casa, voltei mais cedo para a Paulista e por volta das seis da tarde fui dar uma volta pelos quarteirões. Como sempre acontece, acabei parando para espairecer um bocado na Praça Alexandre de Gusmão, inspiração para a trilogia Praça de Pedra e que já me rendeu outras cositas más também.
Não dei mais do que uma volta na praça e acabei parando em um boteco bem do sujinho nos arredores para tomar um café. Aproveitei que a televisão estava ligada no Masters Series de Roma, sentei no balcão e fiquei vendo os instantes finais do jogo entre o russo Nikolay Davydenko com o espanhol Tommy Robredo, pelas quartas-de-final.
Depois de dez minutos, pedi um novo café para o cara do balcão. “Tá bom o jogo, né?”, perguntou. Respondi que sim, e ele continuou. “Ah, tênis é um esporte bem bonito. E esses dois caras são bons mesmo”, complementou.
Fique por lá curtindo a solução imberbe e o garçom do boteco parou ao meu lado e ficou vendo a troca de bolas. “Cara, olha essa esquerda do Davydenko! Que passada, que passada! O Robredo tá cansado, e olha que ele é bom no saibro”. Olhei para o lado espantado: fazia tempo que não ouvia análises de uma partida de tênis longe da redação.
“Que backhand é esse do Davydenko, com slice e tudo? Ah, o Robredo entregou, olha a munheca cansada dele. Assim não dá pra jogar”, continuou o garçom. Cinco minutos depois, quando a partida foi para o tie-break do terceiro set, umas sete pessoas já se aglomeravam em volta da televisão para ver a definição do jogo.
O duelo acabou com o Davydenko sofrendo uma virada incrível no tie-break. Com um pouco de torcicolo por ficar olhando para cima por um tempão, voltei para o escadão surpreso: o pessoal daquele boteco gostava de tênis. E não havia ninguém cheio da grana por lá, pelo contrário.
Um sinal de esperança: alguém deve ler as minhas notícias sobre tênis.
Um comentário:
Pô, eu sempre leio também, ué! Aliás, tênis é Top 2 fácil, fácil. Só perde para futebol, é claro. Que mané basquete e vôlei, que nada!
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