Saguão de entrada de uma rodoviária qualquer, em uma cidade qualquer do interior do Estado. Uma manhã durante a semana. Um feriado.
Sob um câmera de segurança, que faz incansáveis e ininterruptos giros de 360º em torno de si mesmo e intimidando os demais, há uma mulher. Com óculos escuros de grife na testa, ela fica à espera de algo. A mão direita, trêmula, aperta ora com força e ora sem a alça da mala de carrinho. Bem perto de onde há um adesivo com as siglas GRU – BRA.
O sol forte, o bafo quente e a luz daquela ensolarada daquela manhã de feriado fazem brotar uma gota de suor em sua nuca. Desce alguns centímetros e morre em seu casaco de pele – que, por sua vez, combina com as calças jeans, as botas grossas... em poucas palavras, vestia-se como uma chique mulher ao estilo europeu.
Fria, mexe-se apenas quando um carro abre as portas à sua frente. Seu movimento, embora force apenas 17 músculos da face e mostre os belos dentes, é verdadeiro. Dele sai um homem que retribui o sorriso intenso e belíssimo que recebe.
Ambos dizem ao mesmo tempo um “Nossa, dois anos!”, entram e continuam conversando (mas agora são inaudíveis, pois os vidros levantados impedem que os outros ouçam os já esperados “Como você ta?”, “E aí, que tem de novo para falar?” e muito menos o verdadeiro “Puxa... que saudades!”). O carro parte.
E a câmera de segurança, em seu giro mecânico, não registrou o reencontro daquele casal, que talvez reatava um relacionamento após tanto tempo e tantos mil quilômetros de separação. Em sua mira, neste momento estava apenas um cara sentado sobre a sua mala e que, à espera de algo que mudasse a sua vida, fantasiava uma história e escrevia suas bobagens em um bloquinho de papel . Um desperdício por parte da câmera.
Um comentário:
Avisei que ia procurar, procurei; avisei que ia linkar no meu blog, linkei.
E agora só falta o café que não tivemos ontem! Você não apareceu, tou sabendo, viu...
Beijinho!
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