“Oi! Não tenho a pretensão de...”
Enviar.
Virei para o lado orgulhoso do conteúdo que havia acabado de escrever e sem esperar a resposta da mensagem. Respirei fundo, coloquei alguma música para tocar, fechei os olhos e estiquei as pernas, esperando ser dominado por um sono tranquilo, agradável, pacífico, ameno...
Poucos minutos depois, o coração acelerou. Abri os olhos.
Pretensão? Eu realmente escrevi pretensão? Com S? Não é possível, deixa eu ver.
“Oi! Não tenho a pretensão de...”
Não acredito. Não, espera, será que é isso mesmo? Deixa eu ver o que o corretor automático diz.
“Pretensão”.
“Pretenção”.
Ih, ele aceita os dois. Mas putz... não, é com Ç. E eu escrevi com S. Cara, não, como assim? Que burro! Não, puta merda.
Será que a mensagem foi lida?
Claro que ninguém me responderia uma mensagem com um erro absurdo de português assim. Eu não responderia. Logo eu, um ex-fiscal fascista do português alheio (hoje já muito mais controlado). E logo eu fui cometer semelhante agressão à língua? E todo o meu trabalho de marketing pessoal, arruinado por causa dessa pretenç(s)ão de não querer ser pretenc(s)ioso.
Já sei! E se eu colocar a culpa no corretor do celular? Vamos lá: “Ops! * Pret...”
Espera. Agora? Quase meia hora depois que a mensagem chegou?
Quer saber? Talvez ninguém perceba. Eu que estou me desesperando à toa. Foi só um erro, acontece. Não é o fim do mundo.
Na manhã seguinte, vi que a mensagem havia sido respondida e que a minha gafe talvez não tenha sido levada em consideração.
Ainda assim, levantei da cama, abri o armário, peguei o dicionário.
Prêt-à-porter, pretaria, pretejar, pretendedor, pretendente, pretender, pretendida, pretensão.
Pretensão.
Com S.
“Oi! Não tenho a pretensão de...”
Pretensão.
Com S.
Ufa.
A conversa seguiu, até que em algum momento, duas ou três mensagens depois, as respostas pararam de chegar. Por qualquer outro motivo.
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