Nunca vou te perdoar por não termos vivido uma despedida
cinematográfica. Daquelas em que você me diz tchau, eu passo a mão no seu
rosto, te dou um beijo na testa e depois viro as costas chorando com o coração
apertado. E aí depois eu desfaço as malas e encontro, entre a blusa que você me deu no nosso aniversário e aquele perfume que você adorava, a
tua foto. Daquele momento especial que vivemos, aquela em que teu sorriso era tão
real e meus olhos brilhavam tanto.
Hoje eu sinto falta dessa foto tua que eu não tenho. Aquela
que eu guardaria entre um livro para encontrá-la dentro de uns 20 anos e
sentiria um calor no peito relembrando daquela noite na praia, em que paramos
para ver um sirizinho se enterrar na areia com medo do teu grito de medo. Para
a qual eu sorriria e suspiraria. E que me faria pensar o que seria da tua vida naquele
momento.
Você não podia. Não tinha esse direito.
Seria mais do que digno da tua parte. Uma foto tua, nossa.
Aquela que eu tanto insisti que teu cabelo estava lindo desarrumado daquele
jeito, que você ficava muito melhor sem maquiagem. Que teu sorriso animava meus
dias longes de você. Que era aquela a cara tua que eu guardaria na memória para
todo o sempre.
Não é drama. De fato quero essa foto. Segurar aquele papel,
passar a mão sobre o teu rosto novamente, dar um beijo na tua testa. Derramar
uma lágrima, ou duas, ou 13, ou 93 sobre ela. Apertá-la contra o meu peito para
recordar do calor do teu abraço.
Trocaria todas as centenas de fotos que tenho com você por
essa, impressa, que você não me deu. Física, material, perecível, com o teu
cheiro e com algum resquício de material genético teu. Que me teria sido dada
naquele momento, naquela ocasião, com aquela finalidade.
Já não sinto tua falta. Mas sinto falta da foto que não
tenho.
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