É quando a ansiedade se mistura e agrava a angústia que inflama. As pernas tremem, enquanto a taquicardia faz com que o coração bombeie mais e mais sangue para o cérebro, impedido de interromper seu funcionamento pelos intermináveis estímulos elétricos dos neurônios. Os dentes rangem. A espera, amigo, aflige.
Num momento desses, tudo, exatamente tudo dos últimos anos passa pela retina: todas as boas imagens, a felicidade recente que levará um tempo amargo para sumir da memória, como também todos os percalços – insignificantes diante de um evento daquela magnitude.
A confiança tenta surgir, mas divide no peito uma imponente insegurança. Medo? Algumas vezes. Todas essas sensações se liquefazem em um suor expelido pelas mãos. Geladas, tensas.
Aquele instante, que mostra o quanto o infinito pode ser curto, tem lá sua utilidade. Muito provavelmente, os conflitos que antecediam este momento decisivo se estenderiam de uma maneira insuportável, resultando em um marasmo sufocante. Resta, então, decidir o futuro em um tempo injustamente pequeno para tudo o que fora construído até então.
Já ouvi especialistas chamarem o período de loteria. Discordo. Trata-se de uma batalha de nervos que será vencida por quem souber lidar melhor com a compressão de um mundo inteiro sobre uma cabeça – muitas vezes despreparada para uma situação como aquela.
O erro, embora ganhe um caráter fatal, é tolerado – o outro lado certamente cometerá uma ou outra falha, ainda que imperceptível. Os acertos, porém, não são dignos de festejos. Tudo pode mudar no passo seguinte dessa caminhada limitada.
Ao final de tudo, a derrota deveria dar o direito de viver a vida de cabeça erguida – afinal, lutou-se o máximo que pôde, até o verdadeiro fim. Mas a decepção é tamanha que aquele estigma perseguirá por toda a vida. A vitória, por outro lado, infla os pulmões de uma confiança assustadora. Não há lógica, eu sei.
Mas é por isso, justamente por ser ilógica e brilhante, que uma disputa de pênalti é tão incrível.
Um comentário:
Gênio.
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