Teve um dia em que eu voltei para casa feliz da vida, por motivos tecnicamente irrelevantes. Encontrei ainda alguns amigos no caminho, e todos comentaram o quanto eu estava esquisito. Acharam que eu tinha bebido – de fato eu tinha, mas horas antes. Naquele momento, no entanto, eu estava simplesmente... feliz.
Acontece que eu tenho um defeito enorme de sempre contestar a minha felicidade. Fico sempre à espera de que algo aconteça para pô-la em prova. E naquele dia, na garagem do prédio indo para casa, eu vi algo brilhando para mim. Curvei o corpo um pouquinho e encontrei uma moeda.
Era apenas uma moeda, tudo bem. Mas era... era uma moeda pequena, dourada, de 10 centavos. Coloquei no bolso e quase explodi: “Putz, até dinheiro eu achei! Isso sim é que é ficar feliz”. Toda essa felicidade, é claro, tinha um significado um bocado além da razão, mas que eu só fui entender muito tempo depois.
Para falar a verdade, só fui perceber algo semelhante na Argentina. Lá há alguns ditados legais sobre moedas, especialmente as pequenas e douradas. São ditos populares bem interessantes. Cascatas, sinceramente.
Mas enfim. Guardei aquela moeda em um lugar especial, no meio da bagunça do meu quarto. E minha felicidade durou por um certo tempo, até que eu me esqueci da moeda e a minha vida acabou voltando ao normal. E os dias, as semanas e os meses voaram.
Passou mais um tempo e, recentemente, teve um dia em que eu acordei tão empolgado quanto naquele tempo passado. Saí de casa e fui para o trabalho todo determinado com alguns pensamentos na cabeça. Até que cheguei ao quarteirão do metrô e vi algo no chão. Um papel verde, dobrado e surrado, quase voando com o vento. Nem parei o passo, apenas abaixei, peguei a nota de R$ 1 (pode não parecer, mas elas ainda existem) e pus no bolso.
“Voltei a achar dinheiro, caramba!”, pensei. “Algo deve estar para acontecer, sei lá”. Eu não sabia bem, para falar a verdade, o que poderia acontecer. Até pensei em guardar aquela nota para sempre, como se fosse o Tio Patinhas guardando a sua moedinha de sorte.
Bastou um dia ruim dar as caras e eu acabei gastando a nota por aí. Tsc, tsc.
3 comentários:
Ah, notas de um real são feias e sem graça, vc pode gastar quantas vc quiser.
Eu só não gastaria moedinhas douradas pequeninas e brilhantes. Uma vez me disseram que elas dão sorte se a gente guardar. Eu não costumo acreditar muito nessas coisas, mas, sei lá, por via das dúvidas...
sorte é que nem dinheiro: precisa circular pra manter seu valor [ó, essa eu inventei agora!].
Eu nunca acho dinheiro na rua. Blergh.
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