É inegável que as câmeras digitais revolucionaram o mundo da fotografia, e também nas relações sociais e na vida pessoal de cada um.
Hoje em dia tornou-se algo extremamente banal tirar uma fotografia. Pode-se tirar no metrô, no meio da rua, no cinema, na praça, na balada, em qualquer ponto turístico... onde a sua imaginação desejar e seu senso-crítico permitir.
Tudo isso porque, hoje em dia, não há mais aquele trabalho de comprar filme, mandar revelar... economiza-se uma grana e tanto. As fotos não queimam, e melhor ainda: se você não gostou de como saiu na imagem, basta apagar a foto anterior e tirar uma nova. Prático e interessante, não é?
E agora todos podem ter quantas fotos desejarem, sem ocupar espaço físico: basta alguns kbytes no computador, e voilá. Um, dois, dez... quantos álbuns diferentes forem necessários, com milhares de fotos sobre inimagináveis cenas. Até mesmo uma parede branca pode virar uma fotografia, por que não?
Hoje em dia, todo mundo tem pelo menos uma foto sequer no computador. Anos atrás, quando a internet ainda engatinhava, eram raríssimos aqueles que tinham uma imagem pessoal armazenada. Dava um trabalhão tirar a foto, revelar... e ainda era preciso escanear. Pior: encontrar alguém que tivesse um scanner! E então você conversava com alguma ‘gatinha’ no bate-papo da UOL e era obrigado a formular na sua própria imaginação com quem você falava. Atualmente... putz, como é mais fácil!
Mas isso não quer dizer necessariamente que atingimos a perfeição, no que diz sentido à fotografia. E eu, particularmente, sinto saudades dos tempos passados, quando as Yashicas manuais eram as máquinas populares e as Kodak com rodagem automática do filme, as de luxo.
Pode parecer antiquado e tudo, mas eu sinto falta das fotos de papel. Aquelas que você ansiava semanas para poder ver ali, de verdade, na sua frente, para relembrar aquele momento especial ou aquela viagem inesquecível. E ela estava ali, palpável, em um papel brilhante. E não na tela do computador.
As fotos reveladas também tinham uma... uma aura diferente (que sequer se compara à aura das fotos digitais que você manda revelar: não têm graça). Aquela foto da amada que você encontrava no fundo da gaveta, segurava em suas mãos, olhava em seus olhos e passava as pontos dos dedos no rosto da garota. Era quase a mesma sensação que passar a mão no rosto de verdade dela.
Hoje, se você encontra uma foto de uma antiga paixão em alguma pasta do seu computador, você faz isso? Passa a mão com todo carinho na tela do computador? Aquela mesma em que você conversa com pessoas no MSN, faz trabalhos da faculdade, vê notícias (algumas bem mal escritas) e sabe-se lá mais o que você vê? Eu, não!
E... vai falar que há presente melhor do que ganhar de uma garota a foto, para ser deixada em um porta-retrato na cabeceira da sua cama, ou então para ser perdida na gaveta e encontrada anos depois? Nos dias de hoje, você ganha mil imagens nas transferências de arquivo do MSN... e ainda pode tratá-las no Photoshop. Uma afronta, diga-se.
É inegável que as câmeras digitais revolucionaram o mundo da fotografia. Mas eu ainda prefiro à moda antiga.
4 comentários:
Me sinto totalmente contemplada. Por isso levanto a bandeira das câmeras analógicas. É mais caro, um pouco. Só que o fato de tu te dedicar mais que 5 segundos para tirar uma foto, faz toda a diferença.
E eu prefio ela. ;)
Absoluta e irrestritamente apoiado, companheiro!
Também não sou nada chegado às tais máquinas digitais. Sou muito mais o papel, os álbuns antigos, aquela expectativa para revelar as fotos...
Ai, ai. Acho que tô é ficando velho!
A minha foto da Casa Rosada vai ser revelada.
Fato.
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