Uma das primeiras lembranças que tenho da minha infância me colocam na mesa da cozinha da casa da minha avó tomando café da manhã. Não lembro se ela ou se meu tio tinha colocado leite na xícara e derramado um pouquinho de café, mas aquela coisa mágica do leite ficando marrom meio clarinho me despertou uma vontade enorme de experimentar.
Provei o café-com-leite da vovó se não me engano com uns quatro anos. E durante muito tempo fiz da mistura a principal bebida do meu desjejum. Até que um dia, acho que com uns seis anos, enjoei e passei a tomar café-com-leite apenas em raramente.
Outro fato marcante na minha história de cafés da manhã na casa da vovó aconteceu em uma manhã em que havia sobre a mesa um potinho de Nescafé. Já tinha visto o comercial daquele produto algumas vezes e pedi para experimentar. Vovó disse que eu não iria gostar. Teimoso como uma mula aos sete anos, no entanto, resolvi provar. Mas foi batata: não gostei. Ou pior: detestei.
Nunca mais tomei Nescafé. O café-com-leite, contudo, passou a fazer parte dos desjejuns que costumo tomar fora de casa depois de 2006. Quando passava noites em claro no primeiro ano de faculdade, ia tomar um pingado às 6h30 na padaria aqui do lado. Quando tinha que madrugar para ir ao exército, para as aulas teóricas de trânsito... e até mesmo em Porto Alegre - lá, sempre depois de acordar, desafiava o frio, saía do hotel e ia tomar um café-com-leite no boteco da esquina da Santo Antônio com a Independência, lá no Bom Fim. Delícia.
Passaram-se quase duas semanas de minha viagem insana pela capital gaúcha até que eu voltasse a sentir frio. Cheguei a me encontrar esses dias com uma grande, grande amiga para almoçarmos e ri do fato de ela estar toda encapotada, com três blusas, apenas porque os termômetros marcavam 10ºC. “Poxa, eu peguei tipo o zero absoluto da escala kelvin em São Leopoldo. Dez graus pra mim é quase verão”, brinquei.
Acontece que o frio pegou de vez à noite. Em minhas andanças pelo supermercado em plena madrugada, acabei caindo sem querer no corredor de cafés e, pela primeira vez em muito, muito tempo me senti tentado pelo Nescafé. Comprei um potinho de extra-forte e deixei no armário para alguma emergência.
E a emergência veio mais rápido do que eu esperava. Naquela mesma noite, resolvi ferver um copo de leite e tomar com Nescafé. Agora escrevo enquanto me delicio com um nescafé-com-leite, com a janela ligeiramente aberta para aproveitar o vento gelado.
Claro que não é a mesma coisa que o pingado da padaria aqui do lado de casa, nem ao café-com-leite que eu tomava em Porto Alegre e nem de longe o que a vovó fazia. Mas é uma pedida ideal para uma noite fria e solitária.
5 comentários:
Nostalgia faz bem para alguns e mata outros. Eu, particularmente não gosto.
E os frios em porto alegre nem estão mais como os da infancia de muitos por aqui, minha cidade perdeu um pouco do seu charme de inverno.
Mas, me intrometendo e recomendando[tri metida]coloca chocolate no teu nescafé e faz um mochatino,é o grande hit do inverno porto alegrense . ;]
Pô, eu sou Nescau forever!
Tá paradão, hein.
Vou te levar pra balada, isso sim...rs
Merda, quando acaba o bimestre hein?
Só um comentário nada a ver com o post: quer dizer que, depois de ver Zidane de perto, agora é a vez de Pete Sampras???
Que fase, amigo!!!
Esse é o emprego que eu pedi a Deus, pô! Hehehehe...
:)
Exagero não, intensidade sim.São distintas, não?
Me corrija se estiver enganada .
No mais, aproveite o mochatino lendo algo de bom por aí .
Eu achei algo que sinto que poderei aproveitar .
;)
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