Uma mão firme, guiada por um olhar brilhante e sonhador, rabiscava algumas palavras em um bloco de papel enquanto Ricardo e Emanuel, favoritos ao ouro olímpico no vôlei de praia, contavam suas metas antes de embarcarem para a China. Várias mãos escreviam o que a dupla dizia; mas uma, em especial, simplesmente ignorava os atletas.
Aquela mão, aliás, não escrevia nada relacionado a esporte. Seu dono estava em qualquer lugar, menos naquela coletiva de imprensa. Aquela mão, não; aquela mão estava ali. Seu dono... ah, seu dono sim estava a algumas centenas de quilômetros dali.
E relatava, com letras firmes e ininterruptas por uma rasura sequer, um pensamento qualquer:
Costumávamos nos corresponder com uma sintonia tão perfeita que até me assustava. Pensávamos nas mesmas coisas ao mesmo tempo, mandávamos mensagens ao mesmo tempo e ríamos da mesma piada no mesmo ritmo.
Hoje percebi o que quer dizer um dia ruim de verdade. É aquele em que eu me pego pensando em você, tenho a vontade de te ouvir e, ao tirar o telefone do bolso para te ligar, ele toca. Mas quem me liga são meus amigos, meus chefes, minha mãe... e até mesmo um bêbado ligando errado.
Um dia ruim é aquele em que eu olho para o celular o tempo inteiro e você não liga. Um dia ruim, meu bem, é aquele em que eu não ouço a tua voz.
Aquela mão só tremeu em um momento naquele evento de imprensa: quando a resposta daquelas palavras, transformadas em e-mail, chegou. Mas não foi um tremelique vão. Tinha bons e grandes motivos, resumidos em duas frases:
Um dia ruim é pensar, mesmo que por um segundo, que eu não vou mais te ter...
Ah, amor, como eu preciso de você...
2 comentários:
Hummm... Tem paixão por aí, é?
bom saber que está vivo
sim, muito bom.
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