sábado, 17 de maio de 2008

Fernanda, da Odontoclinic

“Felipe, qual o seu ramal?”, perguntou a Martinha durante uma tarde de terça-feira, com o telefone na mão.

“Eu não tenho ramal. Mas tem ligação pra mim?”, perguntei, tentando mostrar um ceticismo e sem conseguir esconder a incredulidade.

“Tem sim, é uma mulher. Hummmm!”, brincou.

“Ah, passa no 5956 por favor que eu vou lá atender”, respondi, já me dirigindo para a antiga baia, da qual me mudei provisoriamente há cerca de um mês e para onde planejava voltar em um futuro próximo. Recentemente, no entanto, descobri que o antigo computador estava bem pior do que antigamente e minhas chances de voltar diminuíram.

Dei alguns passos para atender o telefone já pensando quem poderia ser. “Talvez alguma das assessorias de imprensa para me passar alguns dos telefones que eu pedi para fazer aquela pauta”, supus, momentos antes de o telefone tocar e eu atender com o habitual “Gazeta” de sempre, e mais uma vez ensaiando um ar indiferente.

“Boa tarde, Felipe. Eu sou a Fernanda, da Odontoclinic, tudo bom?”, apresentou-se a – bela – voz feminina do outro lado da linha. Respondi que sim, mas já desanimado e bolando algum jeito de me desvencilhar de mais um telemarketing.

“Então, nós estamos com uma promoção aqui. Há quanto tempo você não vai ao dentista?”.

“Hmm... dois dias”, menti. Na verdade, não vou há duas semanas e meia, mas era muito melhor falar alguma data recente. Acabei nem pensando no tamanho da besteira que acabara de falar: quem vai ao dentista nos domingos?

“Ah, então você faz tratamento?”, perguntou a mulher. “Uhum”. “Ah, e você usa aparelho?”. “Uso”. “Fixo ou móvel?”. “Móvel, mas só para dormir”. “E é de contenção?”. “Humm... é móvel”, resumi, bem enfadonho.

“Ah, tá legal. E você tá aí trabalhando, né?”. “Sim, sim”, emendei, pronto para desligar e voltar ao noticiário como se nada tivesse acontecido.

“Tá legal, então.Valeu, Helda! Hahahha”.

Até arrisquei um ‘peraí!’, mas era tarde demais: ela já havia desligado. Não percebi que havia acabado de ser vítima de um trote de alguma conhecida – que se deu ao trabalho de conseguir algum telefone da redação, ligar para lá, inventar uma história enorme, me chamar por um dos mil apelidos que meu sobrenome permite e depois rir da minha cara.

Não, não tenho a menor idéia de quem tenha me passado o trote. Mas não custava nada se identificar depois, né?

Droga.

2 comentários:

juliana moura disse...

nhááá... tão de sacanagem contigo.:p

tenho um amigo pernambucano que sempre me engana. ele liga e fingi um outro sotaque e eu sempre caio. haha

Lui disse...

Hahahaha, que legal!

Não era eu, prometo! Mas isso você sabe, porque a minha voz é fanha e eu não te chamo de Helda...