sexta-feira, 4 de abril de 2008

Vencido pelo cansaço

“Chega um momento da vida em que um homem precisa ter um carro”. Era uma noite de quinta-feira, e eu estava no banco de trás de um carro de reportagem, olhando para o trânsito na Nove de Julho e com a testa apoiada no vidro, quando tive esse pensamento. Estava prestes a fazer a minha estréia profissional em estádios, com São Paulo x Figueirense no Morumbi, pela Copa Sul-americana, em agosto do ano passado.

Sentindo o peso de ter 19 anos nas costas e ter que freqüentar à noite lugares exclusivamente perto do metrô, achei que estava na hora de tomar vergonha na cara e criar coragem de encarar o trânsito caótico da capital paulistana. Claro, também tive a idéia de escrever um texto sobre a tal descoberta e colocá-lo aqui. Esperei um bocado para amadurecer essa idéia e coincidentemente nesta quinta-feira, oito meses depois, cá estamos.

...

Nove horas da manhã, um dia chuvoso e eu no volante. Um perigo para a sociedade. Mas o mesmo instrutor da auto-escola que me ensinou a passar na prova do Detran (na segunda tentativa) estava lá para não deixar que eu fosse o responsável por uma catástrofe.

“Você lembra de tudo? Aqui você arruma o banco, depois mexe nos espelhos... você sabe, né? Quando quiser pode sair. Isso, dá a seta, engata a primeira e vai”.

Esperei um carro passar, engatei a primeira, soltei o pedal do freio, pisei no acelerador e comecei a conduzir o mesmo Fox de dois anos atrás, quando tirei a minha carteira de habilitação (aquele documento que eu uso apenas como RG, já que nunca achei que precisava dirigir: “Ora, eu moro, estudo e trabalho próximo ao metrô. Por que carro?”, pensava, com certa razão).

Os 50 minutos em que eu estive no comando de um veículo motorizado passaram de forma bem rápida. Milagrosamente, não deixei o carro morrer nenhuma vez. Mesmo nas piores subidas, mesmo com vários carros atrás de mim. Mesmo com a minha atenção dividida entre o trânsito e o bate-papo bacana com o instrutor. Orgulho.

A aula, então, terminou. E eu mesmo me avaliei para o instrutor: “Putz, eu achei que estava bem pior! Mesmo fazendo um ano e meio que eu não dirigia coisa alguma, senti que estava muito melhor, mais confiante... poxa, me surpreendi, cara! E olha que eu nem saí de casa com os meus óculos”.

Claro que ainda cometia alguns errinhos básicos, como não soltar todo o acelerador na hora de trocar a marcha. Mas o mais grave mesmo era o meu tédio quando pegava uma rua um pouco maior e, por instinto, começava a mexer os braços. Os braços cujas mãos seguravam o volante. E o carro devia fazer ziguezague pelas ruas.

O saldo desse meu reencontro com o volante foi... foi neutro, ainda bem: nenhuma morte, nenhum ferido, nenhum carro amassado, nenhum acidente. Embora ainda reconheça que precise de uma aulinha ou outra pra pegar mais prática e ainda mais confiança, até que me empolguei com essa história de dirigir.

É esperar pra ver.

3 comentários:

Anônimo disse...

Desculpa desanimar, mas... Você sabe que o instrutor tem pedais pra evitar que o carro morra, né?

Allan Brito disse...

uhauhahuahuahuahuahuauhauha...

Mané mt cuzão no comentário!!!!!

Mas faça isso...

Vc vai se sentir ainda melhor qdo pegar o carro sozinho..

Depois de uns meses, enche o saco... mas no começo é um prazer incrível!!!

hahahaha...

Abs!

Caroline Arice disse...

Homem que é homem tem que dirigir.
Só digo isso.

Sou mulher e me carregam.
E viva o feminismo!