Abaixo, apenas algumas das trapalhadas que marcaram o primeiro dia oficial dos Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro 2007. E pensar que ainda faltam mais 15...
Hein?: O brilhante assessor de imprensa da Confederação Brasileira de Remo havia jurado que a prova do dois sem feminino havia sido cancelada por falta de quorum. Os EUA haviam desistido da prova e apenas quatro barcos iriam competir. A Federação Internacional não deixa e, assim, a prova foi cortada do cronograma. No entanto, a disputa aconteceu. Com quatro barcos apenas, incluindo as norte-americanas. Quem não participou foram as brasileiras. Isso pode? “Parece que agora pode. Tá uma zona isso”, garantiu um dos técnicos. Tô vendo...
Não, não desculpo o transtorno: A previsão era de que o site do Co-Rio tivesse todos os resultados de todas as provas a partir de 15 minutos do término das provas. Desde o começo da competição, no entanto, ninguém sabe onde foram parar as listas de resultados. Alguns links davam erros, outros travavam o computador e outros sequer existiam. Era tudo o que um estagiário precisava às 8 da manhã de um sábado!
Vai, vai, vai!: Os metros finais da maratona aquática feminina foram demais. A brasileira e a norte-americana brigaram braçada a braçada. Enquanto isso, eu abria mão do relato da prova e torcia para a nadadora nacional. Se ela tivesse ganhado, juro que teria parado uma faixa da Paulista para comemorar, dada a intensidade da torcida minha e do Ótio.
Quem ganhou eu não sei, mas o brasileiro ganhou o bronze: Foi assim a maratona aquática masculina. Em uma pataquada sensacional, o Co-Rio divulgou inicialmente que o campeão da prova tinha sido o venezuelano Ricardo Monastério. Minutos depois, uma errata: o ouro havia ficado com o norte-americano Fran Crippen. Nos minutos seguintes, mais um comunicado: não sabemos quem ganhou. A prova está sob análise. Mas o bronze é do Allan do Carmo. Aeee!
Nem no pódio: Primeiro campeão pan-americano da maratona aquática a ser destituído do pódio, Ricardo Monastério não ficou nem no pódio. O campeão da maratona masculina havia sido o Crippen, na verdade. O norte-americano foi seguido pelo compatriota Charles Peterson. E o brasileiro ficou mesmo com o bronze. Agora me diz: é difícil ver quem bateu antes na bóia? Pro Co-Rio, sim.
Boa, campeã!: A brasileira Valdirene Ferreira vencia a sua primeira luta no taekwondo, categoria até 49 kg por 1 a 0 contra a argentina Laura López. A adversária virou a luta e fez 2 a 1 a 36s do final do combate. Val, porém, apenas ficou pulando até o soar do gongo e sequer atacou a rival. Depois da eliminação, a reclamação: “Eu olhei no placar e vi errado. Achei que eu estava ganhando. A luta estava fácil para mim”, jurou. É assim mesmo que se faz!
Virar homem? Por quê?: Na final do taekwondo, na categoria masculina até 58 kg, o brasileiro Márcio Wenceslau Ferreira chegou na final e iria enfrentar o dominicano Gabriel Mercedes. O centro-americano começou com tudo, fez 4 a 0 no final do segundo round e ficou perto do ouro. O brasileiro reagiu, fez seu primeiro ponto e o cubano perdeu dois por causa das faltas que cometeu. A 5s do final do último round, o placar estava 2 a 1. O brasileiro foi pro tudo ou nada para empatar a luta, mas o Mercedes saiu correndo do ringue. Literalmente. O juiz ficou puto, tirou um ponto do dominicano, e a decisão foi para o ponto de ouro. Novo empate, e a medalha seria decidida pelos juízes. Após a votação, ouro para o Mercedes, mesmo com a cena bizarra que ele protagonizou. Às vezes, ser covarde vale alguma coisa.
Marcel? Não, não existe Marcel: Nunca tinha ouvido falar direito em taekwondo até os meses que antecederam ao Pan. Mesmo assim, descobri que, em 2003, o dominicano que faturou o ouro na categoria até 58 kg masculino havia ganhado do brasileiro Marcel Ferreira nas quartas-de-final em Santo Domingo. Marcel Ferreira? O taekwondista deste ano era o Márcio Ferreira. Será que era o mesmo? Liguei para o chefe da delegação brasileira para checar. “Não, não existe Marcel. É só o Márcio”. Momentos depois, a confirmação veio por alguém da redação que entende um bocado mais da modalidade: “O Marcel é irmão do Márcio”. Agora a dúvida: e como o cabeçudo do dirigente não sabia disso?
Ai, minha dor de dente: Levantamento de peso, categoria até 49 kg, feminino. Uma das favoritas a pelo menos o bronze era a brasileira Aline Campeiro. Na primeira chance do arranco, ela levantou 70 kg e ficou com o segundo lugar, atrás apenas da mexicana Carolina Valencia, que ergueu 78 kg e quebrou o recorde pan-americano. Tudo indicava que Aline seria a primeira levantadora do país a conseguir uma medalha no Pan. No entanto, contudo, porém, todavia e entretanto, ela decidiu comemorar com o técnico a marca no arranco. Pulou no colo do Dragus Stanica, machucou o joelho e não pôde competir no arremesso (a medalha é para quem levantar mais na soma das duas modalidades). Conseqüência: perdeu a medalha. Buuuh!
Canal campeoníssimo: Parece perseguição, mas não é. O Sportv continua se superando e vem tornando suas transmissões cada vez pior. E o Pan não fica fora disso, claro. Apesar dos três canais que a emissora conseguiu com a Globosat, engana-se aquele que imaginou que veríamos de tudo no Rio-2007, desde badminton até o arremesso de martelo. Um exemplo é o que aconteceu durante a final do taekwondo masculino: eles interromperam a transmissão dos três canais para mostrar a luta. Tá certo que era um brasileiro e tudo mais, mas... pra quê parar os três canais, sendo que quem tem acesso a um tem a acesso aos outros dois? Vai entender...
Jura que não tava no cronograma?: A disputa feminina da ginástica artística por equipes mal começou e a comentarista foi dar seus pitacos sobre a apresentação da canadense que se apresentava na trave. Estilo Neto: “Tá aí a canadense, fazendo alguns movimentos que fazem parte da rotina obrigatória... vai fazendo muito bem. E... eh, agora ela caiu. Isso não fazia parte do cronograma”. E pensar que eu poderia ser comentarista...
Um comentário:
Somos dois (e mais de dois) sofrendo com os links do site oficial, viu?
Mas eu até gosto? Sou louco por esse negócio de comer mal, dormir mal, trabalhar de madrugada... O Jornalismo, meu querido, está nas pequenas coisas!
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