Ele nunca havia movido um pelo quando eu saía para fumar um
cigarro de madrugada e pisar descalço no teu gramado. No máximo abria os olhos
avermelhados, me reprimia com o canto do olho e voltava a seu sono carregado e
barulhento.
Naquele dia não. Resolveu sair de sua cama improvisada para
me rodear, sentar-se à minha frente, de costas para mim, e olhar
para o nada comigo. Senti um arrepio.
“Che, Róqui, que foi? Será que... você também acha?”.
Ele não respondeu.
Traguei mais forte o cigarro para tentar acalmar a taquicardia
daquele momento. Sequei as palmas molhadas das minhas mãos na calça e entrei.
Quando saí de novo, não recebi a despedida digna com caráter
de “até logo” que ele sempre costumava fazer para mim. Ignorou inclusive meu "chau, Róqui"
Resolvi olhar para trás
e me convencer de que ainda voltaria para aí.
Não consegui.
Teu cachorro manja de despedidas.
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