Não sabiam como reagir quando se cruzaram novamente, após um
longo período de turbulenta calmaria, de um furacão de morosidade, de algo que
nunca havia feito sentido e nem nunca fará. Os olhares se colidiram naquela
profundidade que só eles saberiam explicar. Sorriram? Acho que sim, não sei
dizer. Acho que sorriram. De uma maneira amarela, talvez, já que tentavam
disfarçar que tinham, cada um, um coração extrapolando a garganta.
Cumprimentaram-se. Trocaram um beijo desengonçado, mal
ensaiado, torto, morto. Nas bochechas, claro. Ameaçaram um abraço. Começaram
com um braço, depois outro. Ficou um abraço de três braços. O mais estranho de
sempre.
A primeira conversa (ao vivo) depois de muitas lágrimas
nunca é simples. Sobram palavras que clamam por serem ditas, transbordam conjunções
– quantas conjunções! – e há uma revolução de verbos que exigem a conjugação no
subjuntivo. Mas é preciso, de alguma maneira, pensar 800 milhões de vezes no
intervalo de um ou dois nanossegundos a fim de conduzir aquele encontro da
maneira menos pulsante possível. Deixemos as combustões para daqui a pouco.
Em conversas desse tipo é que o clima se torna o melhor assunto das galáxias. Se faz frio, melhor. Mais minutos de comentários amenos sem objetivo algum. E sobre isso que falaram. O frio, o vento, o calor, a falta dele, qualquer coisa que estivesse relacionada... ao clima. Não ao tempo. Tempo era uma palavra a ser evitada, neste e nos outros incontáveis e impensáveis universos paralelos que os envolviam. Falaram sobre o clima. E depois sobre os empregos. Inventaram insatisfações que não existiam apenas para manterem aquele (re)encontro frágil da forma mais fácil e falsa que podiam. E ficaram assim durante infinitos 15 minutos.
Em conversas desse tipo é que o clima se torna o melhor assunto das galáxias. Se faz frio, melhor. Mais minutos de comentários amenos sem objetivo algum. E sobre isso que falaram. O frio, o vento, o calor, a falta dele, qualquer coisa que estivesse relacionada... ao clima. Não ao tempo. Tempo era uma palavra a ser evitada, neste e nos outros incontáveis e impensáveis universos paralelos que os envolviam. Falaram sobre o clima. E depois sobre os empregos. Inventaram insatisfações que não existiam apenas para manterem aquele (re)encontro frágil da forma mais fácil e falsa que podiam. E ficaram assim durante infinitos 15 minutos.
Resolveram que tinham que se despedir. Iniciaram o ritual
que haviam feito quando se cumprimentaram: sorriram de uma maneira amarelada,
disfarçaram o coração novamente na garganta... mas ambos consentiram em uma coisa:
iriam somente se abraçar. De uma maneira menos improvisada que da primeira vez.
Com dois braços se abraçaram.
Se apertaram.
Se confortaram.
Se acalmaram.
Se despreocuparam.
Se... amaram?
Se olharam.
Sorriram novamente e todos os extremos dos seus corpos ficaram gelados
como nunca dantes. Pensaram em dar o que seria um novo beijo na bochecha até que consentiram,
sem nenhuma letra, sem nenhum olhar e sem nenhum suspiro, que as bochechas não
deveriam ser beijadas naquele momento.
Se beijaram.
Não um beijo desengonçado, mal ensaiado, torto, morto. Era um beijo, como todos os beijos daqueles que um dia se amaram devem ser. Mas foi melhor do que isso. Nada ensaiado. Foi improvisado. Sentido. Vivido.
Se beijaram.
Não um beijo desengonçado, mal ensaiado, torto, morto. Era um beijo, como todos os beijos daqueles que um dia se amaram devem ser. Mas foi melhor do que isso. Nada ensaiado. Foi improvisado. Sentido. Vivido.
Um beijo que amenizou aquela confusão toda. E deixou, a
ambos, em uma confusão maior ainda. Mas mais suportável.
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