- Tá aqui, professor: resenha e perfil.
- Ok. Estão entregues. Obrigado, Felipe. Boas férias.
- Igualmente, professor.
Acabou.
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Não parece, mas depois de quatro meses maçantes, o semestre acabou. Depois de muitas semanas mal dormidas, dezenas de aulas insuportáveis e tudo mais, finalmente vou ter um mês de folga. Naquelas.
Desde pequeno, demoro a acreditar que estou de férias. Quando me dou conta, já é terceira semana de julho e mal dá pra aproveitar. Mas tudo bem. O segundo semestre passa rápido.
Desta vez, no entanto, passei a comemorar as férias a partir de ontem. O melhor jeito, é claro, é em algum bar na Paulista. Pelo menos até o metrô fechar.
Nunca acontece nada de muito interessante no calçadão na frente da estação Brigadeiro. Ontem talvez não tenha acontecido nada e não tenha passado de alguma abstração que eu tive por imaginar que estou de férias. Eu explico.
Enquanto estávamos sentados, um homem careca, de bigodinho e com uma mala parou. De cara, imaginei que era só mais algum mendigo pedindo dinheiro para comprar pinga. Sei lá. Mas deixei o simpatia falar: “Yo soy de Colômbia e estou pedindo dinero para poder pagar uno hotel barato para poder dormir em Brasil”.
Que ele era da Colômbia não é difícil acreditar. Só achei estranho ele pedir dinheiro para ir para um hotel. Mas beleza. Continuando: “Yo soy professor de idiomas. Yo hablo español, inglês, alemão, italiano, russo...”.
Que ele era da Colômbia e estava pedindo dinheiro para o hotel não é difícil de acreditar. Só achei estranho ele manjar de tantas línguas e estar pedindo grana na Avenida Paulista. Voltando. “... russo, holandês,...”.
Duvidei e desafiei o simpatia. “Pô, eu falo holandês, cara!”.
Mas o pior é que ele falava mesmo. Falava tão bem que tentou começar a trocar idéia comigo em holandês. Mas como faz seis meses que eu não tenho aula e não é todo dia que a gente pode sair por aí conversando em holandês com as pessoas em São Paulo e, ainda por cima, já estava meio assim por causa de algumas cervejas, encerrei o assunto. “Ik spreek nederlandse, maar niet goed”.
E eu senti prazer em dar R$ 2 pro campeão. Foi merecido. Só que antes perguntei o que ele fazia aqui. “Quiero aprender português y se me voy a México, Argentina, no consigo aprender. Mas quiero aprender. Estoy tentando”.
Demais.
Uma hora depois, um mendigo pediu pra jogar truco com a gente. Além de não saber embaralhar, ele não sabia jogar. Mas foi engraçado. Fingimos estar na mão de ferro só pra acabar logo. E o cara, todo fodido, bebaço e sem dentes, saiu com dois três e o copas. Surreal.
Um comentário:
eu sempre quis morar na Holanda pra poder ir de bicicleta em todos os lugares
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