sábado, 18 de novembro de 2006

Os patos

Tenho estado em uma sintonia tão agradável comigo, com o primeiro [ah, é o primeiro sim!] emprego e com a atmosfera de fim de ano que a inspiração - ou a chatice - pra escrever nem vem. Mesmo assim, sei lá, às vezes é bom ponderar algumas coisas.
Ontem, passou um filme esquisito no Intercine. Era de uma banda de metaleiros from hell que se chamava Cavaleiros Solitários. Achei engraçado, muito embora a inspiração daqui tenha vindo de algum episódio do Chaves de que eu não me lembro mais. Só que, sei lá... gostei. Era como se tudo isso estivesse sendo falado por uma voz idiota. Seria como se tivesse se banalizado - por mais banal que isso já é. Seria como se eu estivesse um dia no bar e alguma garota saísse de sua mesa e fosse à beira da minha e depois voltasse à sua cadeira. "Olha, é o cara mesmo!". Que nem esses dias, quando eu tava na minha mesa e vi algumas garotas se impressionarem com a presença do Marcelo Rubens Paiva na mesa ao lado. Talvez eu tivesse me impressionado mais se eu tivesse lido o Feliz ano velho. Preferi ficar olhando a Mel Lisboa, na outra mesa.
Ainda assim, enquanto o filme rolava solto no Intercine, eu relia algumas partes do Apanhador no campo de centeio. O melhor livro dos últimos anos, talvez. O livro que me ensinou a escrever, talvez. O livro que mostrou que eu não sou tão idiota, talvez. Talvez...
Estava relendo e caí na parte dos patos. Quando o H0lden entra em um mistério danado sobre o destino dos patos do lago do Central Park no inverno. Sei lá, na hora eu pensei muitas coisas. Na minha opinião, os patos aproveitam o curto verão o máximo que podem. Vivem intensamente o verão. No inverno, continuam no mesmo lugar. Mas eu não os vejo mais.
É meio estranho de explicar. Pode ser que fique mais fácil se eu trocar patos por amizades. Quer dizer, as pessoas continuam no mesmo lugar depois de 15 dias; na mesma sala, na mesma mesa, na mesma cadeira, no mesmo horário em tais lugares... Mas a amizade não existe mais, por mais intensa que ela tenha sido duas semanas atrás. Perecível, talvez.
E isso fica mais à vista a cada dia que se passa. Eh, é a vida.
Ah, isso ficou muito, sei lá, sem nexo.
Mas era só pra não perder o domínio do nome, ou qualquer outra desculpa que valha.

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