sexta-feira, 29 de junho de 2012

TGIF

Oi!

Não me leve a mal, eu sei que acabamos de nos conhecer e que ainda não é a hora de eu ser sincero contigo. Ainda precisamos daquele momento em que eu te conto vantagens da minha vida, você me conta algumas vantagens da tua e assim vamos nos conhecendo mais e mais.

Acontece que eu queria dar um passo mais além, se é que me permites. Gostaria de te falar que adorei passar essa noite de sexta contigo, de ter ficado horas e horas te ouvindo falar sobre a tua admiração pelo Tim Burton e o quanto te comoveu o filme mais recente do Ricardo Darín.

Sabe? Queria te contar o quanto foi legal te ouvir falar de coisas sobre as quais eu não tinha a menor ideia. Foi interessante, de verdade, e era por isso que eu não falava nada sobre mim... apenas dava corda pra você me falar mais e mais de você.

Eu sei, eu sei que deveria ter interrompido todo o teu falatório e ter tentado melhorar ainda mais aquela noite que inaugurava o nosso final de semana. Talvez você estivesse esperando que eu tomasse alguma iniciativa e... sei lá, te tascasse o maior beijo dos últimos tempos enquanto você divagava sobre o roteiro do season finale de How I met your mother.

Mas não consegui, essa é a verdade. Queria aproveitar o máximo do máximo do máximo de todo aquele momento. E não queria correr o risco de interromper tudo aquilo e colocar todo o resto a perder - afinal, a conversa estava super agradável, não é? Só que relaxa, isso não quer dizer que eu não gostei de você, que eu te achei feia ou que te achei chata ou brochante. Pelo contrário!

Agora vou deitar lembrando de ti, tentando escutar o que resta da tua voz dentro da minha cabeça, vou tentar lembrar o toque da tua mão e imaginar como seria o teu beijo. E também como você sorriria para mim depois de tudo isso - será que seria o mesmo sorriso que você deu quando eu te contei a pior piada dos últimos tempos? Talvez...

Então. Eu só queria te dizer que você agora é o grande amor da minha vida. Vou imaginar como tudo seria se um dia for. Todos, todos os detalhes que você puder imaginar. Tudo isso por pelo menos por uma semana.

E só queria te pedir uma coisa, se não for muito incômodo: não me desiluda até a próxima sexta-feira. Se nada der certo entre a gente durante semana, sexta eu tento conhecer o novo amor da minha vida da semana que vem. Mas, por enquanto, deixa eu brincar de fantasiar?

Obrigado.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Lembrei do Roco hoje à noite


Ele nunca havia movido um pelo quando eu saía para fumar um cigarro de madrugada e pisar descalço no teu gramado. No máximo abria os olhos avermelhados, me reprimia com o canto do olho e voltava a seu sono carregado e barulhento.

Naquele dia não. Resolveu sair de sua cama improvisada para me rodear, sentar-se à minha frente, de costas para mim, e olhar para o nada comigo. Senti um arrepio.

“Che, Róqui, que foi? Será que... você também acha?”.

Ele não respondeu.

Traguei mais forte o cigarro para tentar acalmar a taquicardia daquele momento. Sequei as palmas molhadas das minhas mãos na calça e entrei.

Quando saí de novo, não recebi a despedida digna com caráter de “até logo” que ele sempre costumava fazer para mim. Ignorou inclusive meu "chau, Róqui" 

Resolvi olhar para trás e me convencer de que ainda voltaria para aí.

Não consegui.

Teu cachorro manja de despedidas. 

terça-feira, 12 de junho de 2012

Ainda não tirei tua foto 3x4 da minha carteira


Ela continua lá, no mesmo lugar de sempre, acompanhada de pequenas coisas que gosto de carregar comigo para cima e para baixo, nas minhas errantes e quixotescas aventuras que nunca sequer começaram, que nunca sequer existiram.

Só que virei tua foto, escondi teu rosto.

Te explico.

Não quero ver teu rosto, me lembrar de ti e trazer contigo um caminhão de boas lembranças de um momento impossível e improvável no espaço-tempo que tornamos (como?) verdadeiro.

Ainda não é a hora. O doce dói, o amargo seria o melhor tratamento.

Quero pensar que um dia vou poder te olhar sem arrombar os estigmas que não querem cicatrizar. Gostam de estar ali, de inflamar, de fazer doer.

Quero poder um dia olhar para ti e sorrir, rir, gargalhar, orgulhar-me do passado e...

Mentira.

Quero ver teu rosto sim, me lembrar sim de ti e, claro, trazer contigo um porta-aviões de ótimas lembranças.

Só ainda não tive coragem de tirar tua foto de lá.